Rearmonização: tudo sobre esse importante fundamento da teoria musical
Não sabe o que significa o conceito de rearmonização? Preparamos um artigo completo sobre o assunto, que explica o que é e como fazer!
Com toda certeza, o estudo de rearmonização enriquece e muito os conhecimentos de um músico, tanto na teoria quanto na prática. Isso porque, para dominar esse processo, é imprescindível ter um amplo conhecimento de formação de acordes, harmonia e campo harmônico.
Além disso, um instrumentista iniciante pode se deparar com acordes mais complexos, que vão exigir mais dedicação da sua parte. Mas o mais legal é que, quando o conceito de rearmonização é assimilado, é possível criar novas e interessantes abordagens para músicas já existentes.
Então, bora lá começar nosso estudo sobre rearmonização?
O que é harmonia?
É impossível entendermos o que é rearmonização sem antes assimilarmos o conceito de harmonia. Assim sendo, harmonia é a combinação e a relação entre sons simultâneos. Portanto, ela está ligada à formação de acordes e como eles se relacionam entre si.
Além disso, a harmonia também abrange o estudo da tonalidade e das cadências de uma música.
Nesse sentido, a forma mais básica de montar um acorde é pela sobreposição de terças em uma escala. Dessa forma, teremos acordes com tríades (maiores, menores, aumentados e diminutos), assim como acordes com tétrades (sétimas, por exemplo).
Portanto, a harmonia tem um papel crucial na criação de diferentes atmosferas sonoras que se relacionam com a melodia.
Por isso, a harmonia determina as progressões de acordes de uma música. Ou seja, como os acordes se relacionam dentro dela, criando sensações de tensão e resolução.
O que é rearmonização?
A rearmonização é uma reestruturação da harmonia original de uma música. Ou seja, as progressões de acordes e a harmonia existentes são modificadas para criar uma nova abordagem sonora, mantendo, quase sempre, a melodia principal intacta.
Em outras palavras, a rearmonização é um processo de substituição ou adição de acordes da progressão harmônica de uma música.
Ela pode ser usada para deixar a harmonia da música mais simples ou mais elaborada, dependendo do resultado que se quer atingir. Ademais, ela pode servir para adequar uma composição a um estilo musical diferente do original.
Acima de tudo, a rearmonização serve para dar uma nova dimensão e profundidade à música.
Relativa menor
Lembra quando falamos que um acorde é formado pela sobreposição de terças em uma escala? Assim sendo, cada nota de uma escala pode formar um acorde.
Por exemplo, a escala de Dó maior sobreposta em terças gera o seguinte campo harmônico:
C Dm Em F G Am Bm(5-)
No entanto, toda escala maior possui duas escalas relativas menores, a primária e a secundária.
Relativa menor primária
Uma escala maior é formada pela seguinte sequência de intervalos: tom – tom – semitom – tom – tom – tom – semitom.
Confira a escala de Dó maior.
T II III IV V VI VII VIII
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Agora, vamos pegar o sexto grau dessa escala, a nota Lá, e colocá-lo como tônica de uma escala menor. Lembrando que a sequência intervalar de uma escala menor é tom – semitom – tom – tom – semitom – tom – tom.
T II III IV V VI VII VIII
Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol La
Veja que as duas escalas têm as mesmas notas. Por isso, todo acorde maior tem o sexto grau menor como sua relativa menor primária. Portanto, o acorde Am é o relativo menor primário do acorde C. Assim sendo, o relativo primário se encontra três graus abaixo do acorde maior.
O acorde relativo primário (Am) é formado pelas notas Lá, Dó e Mi. Ou seja, ele possui duas notas em comum com o acorde C, formado pelas notas Dó, Mi e Sol.
Além disso, o acorde Am possui a sexta do C6. Devido à semelhança sonora, esses dois acordes têm a mesma função harmônica.
Relativa menor secundária
Além da relativa menor primária, todo acorde maior tem uma relativa menor secundária (ou antirrelativa), sendo muito importante quando falamos em rearmonização.
No caso do acorde C, sua relativa menor secundária é o acorde Em, seu terceiro grau menor.
T II III IV V VI VII VIII
E F# G A B C D E
Não importa que a escala de Mi menor não tenha as mesmas notas da escala de Dó maior. Ou seja, em uma rearmonização, o acorde C pode ser substituído pelo Em.
De maneira idêntica à relativa menor primária, o acorde Em e o acorde C possuem duas notas semelhantes. Assim sendo, o Em é formado pelas notas Mi, Sol e Si, e o C é formado pelas notas Dó, Mi e Sol.
A nota Si do acorde Em também é a sétima do acorde C7M. Portanto, esses acordes possuem a mesma função harmônica, devido à semelhança de sonoridade entre eles.
Relativa maior
Todo acorde menor tem uma relativa maior. Por exemplo, o acorde Am, originado pela escala de Lá menor, como vimos. Se colocarmos o terceiro grau dessa escala, a nota Dó como tônica na sequência intervalar da escala maior, teremos a escala de Dó Maior.
Ou seja, o acorde C é a relativa maior do acorde Am. Em conclusão, os acordes menores têm o terceiro grau maior como sua relativa maior.
Inversão de baixo
Primeiramente, temos que entender o que é inversão no baixo. Elas nada mais são que os acordes com baixo invertido ou, simplesmente, inversão de acordes.
Mas o que é um acorde invertido? Quando um acorde tem sua nota mais grave (seu baixo) em uma nota que não é sua tônica (fundamental), ele é um acorde invertido.
As inversões de baixo mais comuns são as seguintes:
- Terça no baixo (primeira inversão);
- Quinta no baixo (segunda inversão);
- Sétima no baixo (terceira inversão).
Por exemplo, em A/C#, temos o acorde de Lá maior tendo sua terça maior, a nota Dó sustenido, como a nota mais grave do acorde. Esse A/C# é uma inversão de acorde.
A inversão de baixo é interessante para fazermos caminhos diferentes com o baixo em uma progressão de acordes.
Vamos tocar uma progressão com os acordes D, A, G e D em compassos 4 por 4 (um acorde por compasso). Depois que você se acostumar com a sonoridade dessa progressão, use a inversão de baixo. Por exemplo, D/F#, A/C#, G/B e D.
Acordes dominantes secundários
No entanto, na rearmonização, também podemos acrescentar acordes em uma música. Isso fica bem interessante se usarmos os acordes dominantes secundários, por exemplo.
Um acorde dominante está no quinto grau em relação à tônica. O dominante secundário tem função dominante sobre um acorde que não é o tom da música.
Por exemplo, vamos ver uma progressão com os acordes G, Am, C e D7. Aqui, o acorde D7 tem função dominante sobre o acorde G, que é a tonalidade dessa progressão. Todavia, podemos acrescentar dominantes para outros acordes dessa progressão.
Nesse sentido, pegamos o quinto grau do Am, que é o acorde E7. Da mesma forma, podemos acrescentar o acorde de A7, o quinto grau do D7.
No entanto, além da função harmônica, precisamos considerar também o tempo da música para acrescentarmos acordes à sua progressão.
Vamos supor que nosso exemplo esteja em compassos 4 por 4 (cada acorde durando um compasso). Ao inserir os dominantes secundários, alguns compassos terão dois acordes. Confira:
Harmonização original: G | Am | C | D7
Rearmonização: G E7 | Am | C A7 | D7
Como substituir acordes de mesma função harmônica?
Antes de mais nada, temos que entender que existem três funções harmônicas na música: tônica, dominante e subdominante. Em um mesmo campo harmônico, cada acorde cumpre com uma dessas funções.
Vamos ver como isso funciona no campo harmônico de Dó Maior, que tem os seguintes acordes:
T II III IV V VI VII
C Dm Em F G Am Bm(5-)
Acordes com função tônica: T III VI
C Em Am
Acordes com função dominante: V VII
G Bm(5-)
Acordes com função subdominante: II IV
Dm F
Vamos usar como exemplo a música Like a Rolling Stone, de Bob Dylan.
A progressão de acordes do verso é C – Dm – Em – F – G. Agora, vamos substituir esses acordes por outros que tenham a mesma função harmônica em Dó maior.
Assim sendo, toque essa música com a seguinte progressão: Em – F – C – Dm – Bm(5-). Repare que a melodia vai casar perfeitamente. No entanto, a música vai ter uma outra cara, causando uma sensação completamente diferente.
Aprenda mais sobre rearmonização
Agora você já assimilou os primeiros conceitos sobre rearmonização! Mas sempre dá para aprender mais. Portanto, recomendamos que você siga aprofundando seus conhecimentos, de preferência com um auxílio profissional qualificado.
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Carlos de Oliveira
Redator Web com especialização em SEO e escrita para blogs e redes sociais. Estrategista de conteúdo. Músico, compositor e colecionador de LPs, CDs e DVDs. Toca guitarra, violão, baixo, teclado, piano e bateria. Escreve para o Cifra Club desde abril de 2022.